Passado alguns dias depois da trajédia que se abateu por várias partes do Estado do Rio de Janeiro, em especial, o Mobbo do Bumba em Niterói – casas habitadas por seres humanos em local sem condições de sustentação e com pleno consentimento do Poder Público Municipal –, me deparo com um mundo de interrogações que até agora não entrou na minha cabeça e acredito que de muita gente também não.
- Como pode pessoas habitarem casa em locais de risco e de encosta? Como pode o Governo saber disso e nada fazer, nenhuma providência tomar? Como pode um prefeito de uma cidade dizer que não tinha conhecimento sobre a construção daquelas casas em um antigo lixão (local onde destinam lixo sem nenhum tratamento e acondicionamento adequado)? Como pode ainda no Século XXI, pessoas ainda viverem sob essas condições Des-Humanas?
Todo os questionamentos feitos até agora e poucas providências reais tomadas me levam a desacreditar na mudança do mundo por parte dos governos.
Toda a falta de planejamento urbano, a falta de ações preventivas contra esses desastres, a própria falta de alerta da Defesa Civil. Muitos motivos para se lamentar de em pleno Século do Desenvolvimento Sustentável, ainda presenciamos muitas desculpas seguindo de tragédias, que não só o Morro do Bumba, Angra dos Reis ou mesmo São Luis do Paraitinga, mas evidenciamento esses desastres em muitos outros lugares do planeta.
O Estado do Rio de Janeiro agora, mais uma vez com suas portas abertas para o Mundo Globalizado. Agora mais uma vez em estado de calamidade pública. Mais uma vez enfrentando momentos de grande lamento em sua história.
No Morro do Bumba, me deparei com um mundo que eu não queria que fosse meu e de mais ninguém. Um mundo em que meus olhos viram centenas de pessoas com suas almas vagando para um mundo superior, milhares de famílias que buscavam em outros locais se reestabelecer como cidadão, filhos que clamavam por seus pais, mães que choravam a perda de seus filhos, parentes que procuravam por um fio de esperança em encontrar entes queridos com vida. Um mundo que parecia mais um pesadelo do que um mundo de verdade!
O temporal que se abateu sobre nosso estado foi consagrado a maior tragédia de todos os tempos. As chuvas causaram estragos, deslizamentos de terra em estradas e provocou mortes só nos deixou o sentimento de revolta em ver como tudo isso pode acontecer pelo simples fato ignorante de determinados setores de uma sociedade injusta e ambientalmente des-sustentadas. Um problema antigo e que poderia já ter sido evitado.
Fico imaginando como está sendo dificil para essas pessoas que tudo tinham e que agora, com uma chuva, tudo perderam. Graças a Deus moro em um local seguro (até que se prove o contrário é claro), longe dos riscos maiores como essas pessoas conviviam.
Ao presenciar as atividades de resgate das vítimas do desmoranamento do Morro do Bumba e ouvir o Srº Prefeito de Niterói afirmar que nada sabia da existência de um lixão sob as casas de pessoas, seres humanos, cidadãos daquela cidade na qual foi escolhido para governar, me desvaio em lágrimas ao relembrar de cenas comoventes e que muito me chocou. Mesmo trabalhando na área social desde muito tempo, presenciar cenas como aquelas foi uma verdadeira prova de que se não nos unirmos, nada mudaremos essa situação.
Mediante toda essa tragédia que se abateu em várias partes aqui da cidade, a lembrança de um menino que vivia alegre, que não andava, vivia pulando, veio aos olhos de uma simples jovem, um menino de apenas 8 (oito) anos de idade que sobreviveu a um desmoronamento, mas acabou morrendo antes de ser resgatado por conta de um segundo deslizamento na última terça-feira (6). Ele chegou a chamar pelo pai, pedindo para que ele não demorasse a tirá-lo dalí, mas que o destino traçou-se como uma linha curva que deu um nó em nossas mentes.
Um episódio que mudou para sempre a vida de muitas pessoas e a minha mente para sempre. Ficar se lamentando porque você não sabe o que vai fazer hoje para comer é não ter consciência de um mundo que sofre, chora e grita por socorro.
Até quando vamos ficar parados esperando que o tal “2012” chegue? Até quando vamos ficar aí parados esperando o Apocalipse se concretizar?
Tá na hora de construirmos a nossa história de forma diferente. De pararmos para pensar em um mundo melhor. Em viver em um mundo diferente e mais seguro!
Você que lê este desabafo, pare e pense em suas ações. Seja em casa, no trabalho ou na escola. Pense no que você contribuiu para que tudo acontecesse. Lembre-se sempre, tudo o que está acontecendo, você tem no fundo uma ponte de CULPA nisso!
Reveja seus conceitos!!!
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